Quem chega perto de Telma dos Santos, tem duas impressões. A primeira é de que ali está uma mulher de fibra. Expansiva, sorridente, ela está no comando da primeira empresa cosmética do Vale do Paraíba, a Raiz Latina, criada por ela e o marido Marcos Pocadich, há cerca de 15 anos. À época, Telma era representante de vendas de produtos para salões de beleza, percebeu uma lacuna no mercado e deu início ao negócio.
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Telma dos Santos |
A Raiz Latina é uma empresa de São José dos Campos, com 26 empregos diretos, que desenvolve fórmulas para o cabelo das mulheres brasileiras, respeitando suas múltiplas origens étnicas, além de condições ambientais, climáticas, de saúde e, claro, de acordo com nossos padrões estéticos. Para tanto, coloca no mercado mais de 130 itens, formulados em seus laboratórios e vendidos exclusivamente em salões de beleza. Atualmente são 90 empresas distribuidoras da marca, em todo o território nacional e com alcance em outros países da América do Sul.
As fórmulas procuram atender às três necessidades básicas do cabelo: o tratamento, a manutenção e a transformação. O estudo e a pesquisa sobre a estrutura capilar deram-lhe a percepção de que cabelos obedecem a um ciclo semelhante ao da própria vida: são belos e intensos na juventude, amadurecem com o tempo e já pelo final da vida dão sinais de cansaço e esgotamento. São também susceptíveis ao estilo de vida, se ressentem com o clima, estresse ou se modificam conforme a alimentação. “O cabelo é uma estrutura viva, que se revela belo quando tratado com o devido carinho”, diz.
É desta mesma maneira que Telma vê a vida, o trabalho, as relações sociais: como estruturas formadas por diferentes camadas, cada uma com sua característica, sua forma, sua cor, sua beleza, suas dificuldades. Todos, no entanto, têm algo em comum, pois têm a mesma origem, são feitos da mesma matéria e precisam do amor incondicional da mãe-natureza para se nutrir. Foi assim que Telma percebeu que todos os mais importantes componentes das suas fórmulas provinham dos extratos vegetais e minerais, subtraídos da riqueza da flora. Tempos atrás, investiu num sítio em Silveiras e lá vem cultivando uvas, para formação de uma vinícola e árvores nobres.
No seu pedaço de terra estão nascendo guanandi, cedro australiano, acácia mirim, mogno. “É uma forma de devolver à Terra aquilo que tiramos dela”, explica, um tipo de recompensa, uma prova de respeito ao eterno retorno. É lá também que a empresária aproveita para se reabastecer, estar com as filhas de 13 e 7 anos, curtir o tempo livre, fazer novos planos, sonhar. Telma planeja inaugurar em breve um espaço de beleza na avenida Cidade Jardim e um café e restaurante também na zona Sul. “Eu sempre achei que deveria investir aqui e sempre acreditei que as coisas podiam dar certo”, diz ela.
A segunda impressão que Telma deixa, para quem se aproxima dela, é bem mais sutil: ela exala um perfume doce a revelar que, além da fibra forte que a envolve, há no seu íntimo uma seiva nobre, de quem foi agraciado por uma natureza forte, bela e cativante.